terça-feira, 28 de agosto de 2012

Uma velhinha no elevador

Ontem, no elevador do shopping eu vi uma velhinha linda. Daquelas antigas, sem plástica, estampadinha de azul marinho. Unhas bem feitinhas, água da colônia e nas bochechas um pouco de rouge.
Na hora deu saudade  da minha avó. Ela era assim também. Uma velhinha velhinha. Uma velhinha clássica. Uma mulher de oitenta com cara de mulher de oitenta. Isso atualmente é raro.  Quase não se vê uma cabeça branca feminina. As mulheres de hoje em dia, conforme envelhecem, vão ficando louras. E no lugar das rugas surgem bocas enormes, inchadas. Ficam todas meio iguais, idades indefinidas, a mentira estampada na testa paralisada. 
A velhinha do elevador não. Tinha quase explícita atrás de algumas marcas do tempo a sua juventude de outrora. Os traços preservados, cara de quem viveu uma vida bem vivida, de quem conversa com o tempo.
Se eu tiver a sorte de ficar bem velhinha quero ser assim, de verdade.